terça-feira, 26 de março de 2013


Cerâmica Marajoara

A cerâmica marajoara é um tipo de cerâmica, fruto do trabalho das tribos indígenas da ilha do Marajó (PA), na foz do rio Amazonas, durante o período pré-colonial de 400 a 1400 d.C., no Brasil. O período de produção desta cerâmica tão sofisticada esteticamente é chamado de "fase marajoara", uma vez que existem sucessivas fases de ocupações na região, cada uma delas com uma cerâmica característica.
A cerâmica marajoara foi descoberta em 1871 quando dois pesquisadores visitavam a Ilha de Marajó, Charles Frederick Hartt e Domingos Soares Ferreira Penna. Hartt se impressionou tanto com o que viu que publicou um artigo em uma revista científica, revelando ao mundo a então desconhecida cultura marajoara.

 Cerâmica

Os índios do Marajó confeccionavam objetos utilitários, mas também decorativos. Entre os vários objetos encontrados pelos pesquisadores encontram-se vasilhas, potes, urnas funerárias, brinquedos, estatuetas, vasos, pratos e tangas para cobrir as zonas genitais das jovens, igualmente feitas de cerâmica. A igaçaba, por exemplo, era uma espécie de pote de barro ou uma talha grande para a água, que servia para conservar alimentos e outros. Hoje existem várias cópias das igaçabas de Marajó.


Exposição da Cerâmica

O maior acervo de peças de Cerâmica Marajoara encontra-se no Museu Emilio Goeldi em Belém-PA. Há também peças no Museu Nacional no Rio de Janeiro, (Quinta da Boa Vista), no Museu Arqueológico da USP em São Paulo-SP, e no Museu Universitário Prof Oswaldo Rodrigues Cabral ,na cidade de Florianópolis-SC e em museus do exterior - American Museum of Natural History-New York e  Museu Barbier-Mueller  em Genebra. 

Um dos maiores responsáveis, atualmente, pela memória e resgate da civilização indígena da ilha de  Marajó é Giovanni Gallo, que criou  em 1972 e administra o Museu do Marajó , localizado em Cachoeira do Arari.  O museu  reúne  objetos representativos da cultura da região - usos e costumes.

 A descoberta de artefatos marajoaras é dificultada  por ser o solo da ilha extremamente úmido e sujeito a  inundações periódicas. Infelizmente, no correr dos anos, muitos objetos encontrados em escavações arqueológicas  foram saqueados e até contrabandeados para o exterior - um grave desrespeito ao patrimônio cultural brasileiro. 



COMIDAS TÍPICAS DO MARAJÓ

A base alimentar da população marajoara é o peixe, a carne de gado, principalmente de búfalo, com farinha, arroz e feijão. O hábito de comer verduras e legumes ainda é pequeno e as frutas, estas sim, estão presentes por causa da abundância e variedade natural encontrada nos quintais das residências e em vias públicas – há manga, açaí, coco, goiaba, acerola, muruci, cupuaçu, jambo, graviola, banana, taperebá, abricó, uma infinidade delas.

Com a maioria da população ainda formada por pescadores artesanais, tiradores de caranguejos e camarão, à mesa marajoara chegam primeiro os quitutes preparados com esses três produtos e, claro, com a carne de búfalo, leite e derivados.


Os mais tradicionais são: as variedades de preparo de peixes, como a pescada amarela e o filhote à milanesa, fritos, em caldeirada, com molho de camarão... Ou as variedades de preparo de caranguejo: casquinha, tirado, sopa, torta, bolinho, pizza... E as de camarão: refogado, ao creme, frito, no bafo, torta... Tem também os doces e licores, como o pudim de leite de búfala, a compota de abacaxi, de cupuaçu, maracujá...


Mas, são as receitas consagradas pelo gosto popular e dos visitantes que integram o cardápio oficial das comidas típicas locais, servidas em grandes ocasiões, como o Frito do Vaqueiro, o Filé Marajoara, o Caldo de Turu, a Mujica, preparados com o queijo do marajó, a manteiga, o doce de leite e o iogurte de leite de búfala, além de licores e bebidas de frutas regionais.
Conheça mais sobre algumas receitas do famoso banquete marajoara:


Frito do Vaqueiro:

É a comida mais simples e básica da alimentação dos vaqueiros, no dia-a-dia de trabalho nos campos do Marajó. As esposas cortam a carne gorda em pedaços miudinhos e levam à panela para fritar na própria gordura, temperada apenas com sal a gosto. O segredo está no processo da fritura, que ao terminar transformou os pequenos pedaços de carne em um bolo de carne, parecido com as carnes em conserva. Além de saborosa, a carne ganha durabilidade maior.

Hoje é possível encomendar e comer o Frito, como também é conhecido, em restaurantes na cidade, mas originalmente, os vaqueiros o colocavam no surrão e se alimentavam basicamente dele, por duas, quatro semanas ou o 
tempo em que passassem no campo. No acompanhamento, a farinha ou o pirão caboclo.

Pirão Caboclo:


Farinha branca com leite de búfala e sal. Basta jogar o leite sobre a farinha não precisa levá-lo ao fogo. Mas se quiser ferver o leite, não tem problema, mas não deve levar o pirão ao fogo.










Filé Marajoara:

Filé de búfalo, temperado com limão, sal, alho e pimenta do reino. Depois, frito na manteiga da búfala, coberto com queijo do Marajó e servido com arroz e farofa com castanha do pará, ralada.







Caldo de Turu:

Turu é um molusco muito encontrado nos manguezais, em todo o marajó. Ele perfura a 
madeira, onde vive, e tem o corpo macio, alongado e cilíndrico como o de uma pequena cobra, mas é famoso mesmo por suas, supostas, propriedades afrodisíacas. É consumido in natura, em refogados ou caldos.
O caldo, também é conhecido como “Viagra do Marajó”, é preparado como uma sopa, com limão, cheiro verde, salsinha, pimentão, cebola, alho, pimenta do reino, sal e azeite.
Os mais antigos também utilizam um caldo do turu para aliviar “perturbações” mentais. Sem tantos ingredientes, o caldo como remédio é usado para lavar a cabeça dos pacientes.


Mujica:

É outra espécie de sopa, parecida com o caldo de turu ou a sopa de caranguejo, só que preparada com peixe, de preferência o Pacamun, e servida com pirão tradicional de farinha  feito com o caldo do peixe. A mujica é mais consumida pela população mais velha e deve ser encomendada, pois não é encontrada com facilidade nos restaurantes da cidade.

terça-feira, 5 de março de 2013


Aberta discussão para transformar reserva do Arvoredo em parque


Ilha do Arvoredo
Ilha do Arvoredo é a maior do arquipélago formado por duas ilhotas e os calhaus de São Pedro.

Com uso restrito a pesquisas científicas nos últimos 23 anos, o arquipélago do Arvoredo (incluindo as ilhotas Deserta e Galés e os calhaus de São Pedro) está mais próximo da reabertura ao público. A recategorização da área proposta por projeto de lei do deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC), que transforma a atual reserva biológica marinha em parque nacional, recebeu parecer favorável na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara Federal, e deve ir a plenário ainda neste primeiro semestre.

Se em Brasília a mudança já parece irreversível, em Florianópolis só agora a polêmica entra na pauta de discussão da Câmara Municipal. Por iniciativa da Comissão do Meio Ambiente, quatro vereadores - Edson Lemos (PSDB), Edinon Manoel da Rosa (PMDB), Edmilson Carlos Pereira (PSB) e Pedrão Silvestre (PP) - lideraram expedição ao Arvoredo, na última sexta-feira.

Acompanhados pelo capitão de corveta Etevaldo Rodrigues, chefe do departamento de apoio da Capitania dos Portos de Santa Catarina, levaram os biólogos Márcio da Silva, do próprio Legislativo, Pedro de Sá, da Fatma (Fundação Estadual do Meio Ambiente), e Jorge Freitas, da UFSC. Responsável pela gestão da reserva, o ICMBio (Instituto Chico Mendes da Biodiversidade) não enviou representante, mas já se posicionou oficialmente a favor da recategorização.